O chamado cinema western, também popularizado sob os termos "filmes de cowboys" ou "filmes de faroeste", compõe um gênero clássico do cinema norte-americano (ainda que outros países tenham produzido westerns, como aconteceu em Itália, com os seus western spaghetti). O termo inglês western significa "ocidental" e refere-se à fronteira do Oeste norte-americano durante a colonização. Esta região era também chamada de far west - e é daqui que provém o termo usado no Brasil e Portugal, faroeste (também se usou o termo juvenil bang-bang, na promoção das antigas matinês e de quadrinhos). Os westerns podem ser quaisquer formas de arte que representem, de forma romanceada, acontecimentos desta época e região. Além do cinema, podemos referir ainda a escultura, literatura, pintura e programas de televisão.
Ainda que os westerns tenham sido um dos géneros cinematográficos mais populares da história do cinema e ainda tenha muitos fãs, a produção de filmes deste género é praticamente residual nos tempos que correm, principalmente depois do desastre comercial do filme Heaven's Gate (As portas do céu, em Portugal e O portal do paraíso no Brasil), de Michael Cimino, no início da década de 1980. Contudo, houve ainda alguns sucessos comerciais posteriores que foram, inclusive, galardoados com o Óscar de melhor filme, como Dances with Wolves (Dança com Lobos) de Kevin Costner, ou Unforgiven (Os Imperdoáveis, no Brasil) de Clint Eastwood. Mas os westerns que vêm à memória da maioria dos cinéfilos são, mesmo, os da sua época áurea: os filmes de John Ford, Howard Hawks, entre outros nomes primeiros do cinema.

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domingo, 18 de setembro de 2011

ONDE OS FRACOS NÃO TEM VEZ




No Country for Old Men
EUA , 2007 - 122
Faroeste / Policial
Direção:
Ethan e Joel Coen
Roteiro:
Ethan e Joel Coen
Elenco:
Javier Bardem, Josh Brolin, Tommy Lee Jones, Kelly Macdonald, Woody Harrelson, Stephen Root, Garret Dillahunt





SINOPSE E COMENTÁRIO:


Saiu do clássico O Homem que Matou o Facínora (1962), de John Ford, a frase que define o Velho Oeste: "Entre a verdade e a lenda, publique-se a lenda". Não importa se opersonagem de James Stewart matou ou não matou Liberty Valance de verdade - enquanto houver alguém para contar a história, o mito do tiro certeiro viverá. Da mesma forma, quando um pistoleiro entra num saloon, é aimagem que fazem dele, e não sua eventual rapidez no gatilho, que vale mais.
Llewelyn Moss (Josh Brolin) tem contra si um Liberty Valance em Onde os Fracos não Têm Vez (No Country for Old Men): Anton Chigurh, o matador interpretado pelo espanhol Javier Bardem no faroeste que devolve a dignidade ao cinema dos irmãos Joel e Ethan Coen(FargoO homem que não estava lá). Os tempos são outros, a fronteira empoeirada com o México mudou, mas as lendas permanecem. Ao mesmo tempo em que desconstrói o herói do western, Onde os Fracos não Têm Vez constrói em Anton Chigurh um mito.
O filme abre com a prisão do matador. Entre seus pertences, um cilindro de ar comprimido, que não demora para entendermos como funciona, e para quê. Paralelamente, acompanhamos Llewelyn no descampado texano, caçando cervos. O fato de Llewelyn errar o tiro e não conseguir abater o animal ao mesmo tempo em que Chigurh vara o cérebro de sua vítima sem deixar provas é o primeiro dado que o filme nos dá para evidenciar o abismo que separa os dois personagens. Temos o assassino perfeito versus o errante sujeito sem dons, e o suspense começa quando o primeiro passa a perseguir o segundo.
Há um MacGuffin aí no meio, uma mala com 2 millhões de dólares, mas, como todo MacGuffin, ela vale tudo para os personagens e não significa absolutamente nada para o espectador. O que vale para nós é o embate de Chigurh com Llewelyn, o homem-mito contra o homem-real.
O xerife interpretado por Tommy Lee Jones entra aí como mediador. A ele cabe não apenas hiperbolizar a lenda de Chigurh como manter no chão o mundano Llewelyn. A questão da oralidade é fundamental na construção das lendas de faroeste, e Onde os Fracos não Têm Vezrespeita essa lógica - no mais, a oralidade, frequentemente expressa na figura de um narrador, é ponto importante na filmografia dos Coen. Nas cenas na delegacia e no café, o xerife e seu subalterno trocam histórias tão sangrentas e bizarras quanto essa que estamos acompanhando na tela - o que é uma forma de mitificá-la ainda mais.
Que o clímax do filme nos seja apresentado em uma elipse anti-climática (o desfecho do embate visto pelos olhos do xerife) é o ponto máximo da construção da lenda. Para a posteridade ficará somente a versão das testemunhas, como em O Homem que Matou o Facínora.
No mais, há por trás do jogo de versões e perspectivas todo um contexto de época. O filme é uma adaptação do romance homônimo de 2005 do estadunidense Cormac McCarthy, que ambienta a história no Texas de 1980. Não é, vale repetir, o mesmo Velho Oeste dos colonizadores. James Stewart representava em 1962 a vitória do civilizador sobre o selvagem - o tema da superação do homem sobre o ambiente, enfim, que percorre todo o faroeste em seu período clássico. Já Onde os Fracos não Têm Vez é a desconstrução niilista do herói mítico porque hoje a civilização perdeu, os heróis perderam, o ambiente venceu.

FILMAÇO. CÓPIA DO ORIGINAL. COLORIDO. DUBLADO E LEGENDADO.


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